quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Onde será que se encontra?






A cidade inteira está perdida,  tanto quanto eu. Você sabe, desde maio tenho carregado mais do que os ombros parecem suportar. Se fosse escrever um livro sobre essa época da minha vida, acho que começaria mais ou menos assim: Sem a babaquice de um ''era uma vez'', só essa realidade escancarada de um mundo todo na costa de uma menina, carregando vinte poucos anos e o sofrimento pra mais de trinta. As linhas de uma história que é minha. A história de habitar um corpo que parece não me pertencer, mas que tem me abrigado, ainda assim. Contra a minha vontade, dentro dessas linhas que conto, existe o novo questionamento em segunda pessoa. Nesse texto cansativo que é viver, a distância entre o ponto de chegada e o de partida parece só não ser maior dos que os de interrogação. Olhar por cima dos óculos embaçados de ser triste e tentar sem ter sucesso algum, alguma vez isso já te aconteceu? Pois então. Olhar pra trás e perceber que o passado ocupa um espaço considerável nos teus dias de fracasso. E o teu fracasso cheira a tinta fresca nessa casa velha que é teu corpo nu. O inverso da tua coragem, bem na frente de um espelho. Parece que por detrás da imagem não tem mais nada pra buscar, nada que se encaixe, nada que te faça alegre, que te impulsione a continuar.

O questionamento
da primeira à última linha:

Onde será mesmo,
que se encontra
o que sobrou de mim?